Cássio Vasconcellos é um fotógrafo paulistano que expressa toda a paixão pela sua cidade natal através de suas fotos.
“O artista nasceu em SP, Brasil, em 29 de setembro de 1965. Iniciou sua trajetória na fotografia em 1981, na escola Imagem-Ação. Durante sua carreira, seu trabalho pessoal, sempre voltado a projetos artísticos, percorreu muitas galerias e museus, no Brasil e pelo mundo.” (http://www.cassiovasconcellos.com.br/cassio.html)
Hoje, com 43 anos Cássio já fez mais de 30 exposições individuais além de outras tantas coletivas e suas coleções. Possui trabalhos publicados em 10 livros diferentes além de documentários que participa e seus prêmios em diferentes premiações. Seu portfólio é repleto de diferentes séries: Noturnos, Rostos, Panorâmicas, Navios, Paisagens Marinhas, Cavalos e Fotografias Aéreas, outro trabalho é um projeto chamado Uma Vista. Algo muito peculiar nas obras de Vasconcellos é o fato de nenhuma foto além das da série Rostos ter a presença de algum ser humano e, mesmo na série Rostos, as figuras humanas não possuem identidade pelas fotos estarem embaçadas.
“A ausência de pessoas em "Noturnos" é emblemática. Soa como se a cisão entre cidade e cidadãos, crescente nos dias de hoje, tivesse chegado ao seu extremo. Sem conseguir decifrá-la, foram todos devorados. Restou um artista, solitário, contemplando a marginal Pinheiros, com sua câmera em punho, à procura de algum sentido.”
(http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/barme.php?http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/ler_coluna.php?id=29)
Essa peculiaridade é uma característica da personalidade do fotógrafo que tende a fotografar paisagens em geral tentando minimizar a existência do ser humano mesmo quando isso se torna óbvio através de grandes edifícios em uma cidade como São Paulo.
“São Paulo, a megacidade, é personagem indomável que não se deixa traduzir por completo em imagens. Multiforme e selvagem, a cidade devora os incautos que por ela se aventuram na vã tentativa de atribuir-lhe forma e conteúdo. Diante de câmeras fotográficas, ao contrário de Paris, Nova York e Rio de Janeiro, São Paulo se recusa a fazer pose, a dar um falso sorriso cartão-postal.” (http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/barme.php?http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/ler_coluna.php?id=29)
“Em Noturnos, série de fotos em polaroid reunidas na forma de exposição e livro, surge uma paisagem urbana estranha, ao mesmo tempo melancólica e lírica, soturna e fantasiosa.”
(http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20020923p7579.htm). Cássio iniciou este trabalho em 1988 quando ainda iniciava sua carreira com uma única idéia clara, a de retratar a cidade de São Paulo à noite sem ceder à tecnologia, suas facetas em recursos e equipamentos. A idéia ficou arquivada por dez anos e em 1998 o fotógrafo recomeçou inspirado principalmente pela Marginal Pinheiros e sua paisagem.
“ Já se tornou uma espécie de tradição entre fotógrafos paulistanos o hábito de retratar a sua cidade, nadando contra a corrente e buscando em sua feiúra o máximo de beleza e poesia que se pode encontrar, como se se sentissem tentados a tirar leite de pedra.” (http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20020923p7579.htm).
Em aproximadamente 90 imagens que foram apresentadas na série dificilmente reconhecemos a cidade de São Paulo que estamos acostumados a lidar todos os dias. Nelas, como já falei anteriormente não há vestígios de vida humana, o cinza dominante na paisagem foi substituído por cores fortes e intensas, e, sobretudo, há predomínio de um grande silêncio, aumentando a dramaticidade do trabalho que possui uma personalidade única. “Sabendo da impossibilidade de abarcar com sua câmera a totalidade da urbe, ele fez da soma de concreto, ferro, vegetação, vidro e luz um cenário particular, uma cidade própria na qual ele parece ser o único habitante.” (http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/barme.php?http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/ler_coluna.php?id=29)
Cássio é um fotógrafo assumidamente apaixonado pela beleza de grandes cidades, fazendo então este tema se tornar uma constante em seu universo fotográfico. Há uma nítida procura pelo desprendimento das construções mesmo elas sendo tão óbvias em uma cidade como São Paulo nos trabalhos dele. Ao reconhecermos alguma arquitetura familiar durante as fotos a sensação de lar nos reconforta para, na foto seguinte já nos perdermos novamente entre uma cidade tão peculiar. “Mas isso não importa realmente. Propositalmente, ele não ilustra as obras com coordenadas precisas.”
(http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20020923p7579.htm)
“Essa reprodução física do que está oculto é sedutora. E a noite evoca naturalmente o incerto, a imprecisão das formas. Justamente por esta ausência do que nos é familiar, as fotos são desprovidas de memória. São, porém, carregadas emocionalmente. A atmosfera das fotos de Cássio é onírica, misteriosa, segundo ele, mas livre de nostalgia.” (ZAPPI, Lucrecia http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/1418,1.shl)
Em diversas séries dele o fotógrafo tem um único objetivo que se torna ainda mais óbvio na série Noturnos “embora utilize técnicas totalmente diversas, na verdade busca sempre uma mesma coisa, que é a desconstrução da percepção, do conforto, do reconhecimento.” (PEREIRA, Rodrigo, 2008, http://camaraobscura.fot.br/2008/06/27/cassio-vasconcellos/)
Na introdução de seu livro Cássio cita os poucos recursos utilizados para a produção da série: uma antiga maquina Polaroid SX-70 da década de 70, e um holofote com filtro colorido arrastado dentro de um carrinho de supermercado, que lançava luz para o alto, “para limpar a cena”, segundo Cássio. O artista não utilizou de poucos recursos por acaso, a intenção dele era de retratar a cidade de uma forma pura e imaginária que somente uma Polaroid permite.
“Essa brincadeira entre a realidade e a ficção, o todo e
o fragmento, é reforçado pela técnica usada por Vasconcellos.
Ele faz questão de usar uma máquina instantânea, que não permite
grandes interferências, mas tem uma peculiaridade de textura e
cor que atrai uma legião de admiradores entre fotógrafos e
artistas.” (http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20020923p7579.htm)
“Noturnos começou a partir da minha forma de ver São Paulo. Afinal, sou um ser urbano, paulistano, e em toda a minha vida também mantive pela cidade a já tradicional relação de amor-e-ódio.
Como uma marca registrada, procuro a singularidade, o limite entre o real e o imaginário. Nessas fotos, particularmente, busquei formas de retratar uma visão pessoal e distinta. Tentei resgatar o que está invisível ou o que não é tão explícito. Encontrar na fotografia a beleza escondida no comum, no caos, no feio...” (VASCONCELLOS, Cássio, 2002. P.06)
Juliana :D